Postagens

Porque ninguém nunca olha para o mar?

Eu tenho sempre esse mesmo sonho, um tsunami vem e me atinge, eu vejo os sinais e olho para o mar, mas enquanto tento mostrar para as outras pessoas, elas nunca olham para o mar. Porque ninguém nunca olha para o mar? Se você pode correr, tentar se abrigar, tentar se salvar. Por que você não olha para o mar? Talvez você não consiga, mas isso não quer dizer que você deve parar de tentar e simplesmente deixar a onda te levar. Por que você não olha para o mar? No meu sonho, mesmo depois que onda me cobre e joga coisas sobre mim, ainda assim eu tento, luto e nado para sair e poder salvar quem não olhou para o mar.  Quando olho para o mar e vejo a onda vindo, eu me seguro a uma rocha, puxo uma pessoa e prendo ela a rocha comigo. Sei que não terei forças e nem fôlego, mas ainda assim não paro de tentar. Quando acordo tenho a sensação de estar sem fôlego, como se estivesse nadando e me pergunto: porque ninguém olha para o mar? Porque ninguém se atenta aos sinais?

Caixa dos Sonhos

Eu nunca tive um quarto só meu, sempre dividi com outras pessoas, meu finado primo e minha mãe, mesmo com a casa sendo grande, nunca tive meu espaço. Em 2019 decidi que reformaria um dos cômodos da casa para chamar de meu. Peguei o dinheiro que seria para uma viagem e reformei o quarto. No final do ano, comecei a arrumar minhas coisas para trocar de aposento, roupas, fotos, livros, ursos e brinquedos, latinhas, cofres e caixas. Quem me conhece sabe que amo caixas, mesmo que estejam vazias, simplesmente amo embalagens. Ao mexer em algumas caixas, achei uma com meus sonhos, sonhos de infância e adolescência, estava tudo lá, e por mais incrível que pareça, não havia sido devorada por nenhuma traça ou cupim, cartas para Deus, colagens de um futuro desejado, ideais escritos em folhas de ofício. Havia agendas, cadernos, cortes de revista, tudo lá. Ao folhar e ler, percebi quantas coisas havia sonhado e desejado. Todos temos uma caixa dos sonhos, não necessariamente tenha que ser uma ca...

Ao senhor do tempo

O tempo é algo surpreendente. Limitamos ele. Vivemos como se fossemos morrer a qualquer momento, mas sempre fazendo planos para o futuro.  “Vou fazer algo porque talvez hoje seja meu último dia, porém caso não morra vou investir em ações.” Dizemos para nós mesmo que a vida é uma só. Toda vez que penso no tempo. Toda vez que penso nesta única vida, me pergunto que diferença faz. Afinal, que diferença faz ser uma única vida? Em uma busca constante de aceitação, de declarações, de amores de tirar o fôlego, esquecemos do principal sobre o tempo. Ele não volta! Penso no tempo como um senhor cansado, com seus cabelos brancos e bengala, o famoso “Senhor do Tempo”. Esse senhor sabe como as coisas já foram, lembra dos ventos que tocaram a sua face, de cada onda quebrando na praia ele lembra também. O senhor do tempo, não tem relógio, nem ampulheta. Sua idade quem sabe? Suas histórias? São muitas, são de todos.  Em toda a sua existência, o senhor do tempo foi acusado dive...

Saudade de certas dificuldades

Depois de muitos anos, é a primeira vez que sinto falta de ter alguém. Sinto falta de conversar futilidades, falar de séries, comentar sobre livro que leio, músicas que gosto, bobeiras que não mudam a vida de ninguém. Já faz um certo tempo que fiz de minhas conversas diálogos importantes. Não que eu seja importante, não é isso, meu ego não chegou a tanto. Porém, sinto como se tivesse perdido muito tempo com coisas que não me levavam a nada, e agora tenho que compensar e falar só de coisas que me levem para um futuro que quero, acho que quero, nunca temos certeza até estar lá. Vivemos uma vida de especulação, imaginando, fantasiando o futuro, sem saber ao certo o que virá até nós. Quero só poder falar de coisas bobas. - Será que chove hoje? - Já ouviu a música nova do Red Velvet? - Estava lendo o livro da Jane Austen e, percebi que sou encantada pelos romances antigos. E  você? - Quais são seus planos para as férias? - Já se imaginou em outro país? E o que fazia lá?...

Cansado demais para se ter um título

Há uma sensação no meu coração, como se tudo fosse demais de suportar. É como se eu tivesse chego ao meu limite de desgaste emocional. A cada nova decepção é como se já estivesse tão quebrada por dentro que não parte mais meu coração, na verdade se parte os cacos que restaram. Toda vez que algo ruim acontece, é como se entrasse em combustão, está queimando cada vez mais o pavio, tenho medo de quando chegar ao fim do pavio. Sempre me pergunto como as pessoas podem suportar tanto e eu já quero desistir. É como se meu coração fosse menor, ou a tecnologia me atingiu do modo que julgo os outros e não sei lidar com a frustração. Não sei ao certo o que é. Há quem me julgue por confiar e acreditar em Deus, que se me vissem nesse momento, seriam desaforados e questionariam minha fé. A fé em Deus não quer dizer que tudo vai sempre estar bem, mas a confiança de que um dia vai ficar tudo bem. Não há tristeza e sofrimento que durem a vida toda, assim como a alegria acaba, a tristeza tamb...

Setembro Amarelo

Imagem
Fundo foto criado por rawpixel.com - br.freepik.com Toda vez que alguém, qualquer pessoa, conta algo e dizemos que aquilo não é importante, negamos, rejeitamos aquela pessoa o esforço dela. Antes de alguém criar coragem de se abrir, antes desse ser dizer em voz alta tudo que se passa na sua mente, ela reuniu forças, se concentrou, disse para si mesma que tudo que há angustiava não era besteira. Muitas, diversas vezes quando alguém conta algo, quando alguém se abre, é nesse momento, nesse segundo, nesse minuto, que esse alguém está pedindo ajuda. O que é besteira para um, não é besteira para o outro. Temos o costume de medir a relevância de um assunto a partir de nossas métricas, pegamos a nossa régua, regada com nossa experiências, personalidades e crenças para medir a dor do outro, eliminamos da equação que somos seres diferentes. Sem nem nossos DNAs são iguais, por que nossas dores serão? É o momento, hoje e não amanhã, de pararmos de julgar os outros, não é falta ...

Tempo para Viver

A cada dia vemos mais e mais pessoas com o celular na mão. Caminham, comem, “conversam”, sim conversam entre aspas, pois não existe mais uma troca simultânea no diálogo, tudo com o celular na mão. Chega a se pensar que o celular na verdade faz parte do corpo humano. Estresse, ansiedade, depressão, entre outras doenças que atingem a humanidade neste século. Alguns culpam a efemeridade em que vivemos, outros culpam a pós modernidade. Mas de quem é a culpa? A culpa não seria de uma geração acostumada com a facilidade e que se frustra facilmente ao receber uma negativa? Ansiosos por coisa nenhuma, sem saber o que buscam, colocam suas esperanças e sonhos no mundo digital, sem foco no real. Deveria ser moda deixar a vida offline, pensar no amanhã e abandonar a fuga online. Usamos os meios digitais como fuga, fugimos da realidade que está cada vez mais fugaz. Sem medir as consequências, utilizamos a desculpa de que “só se vive uma vez” para agir imprudentemente, e quando as coisas dão err...