Meu all star branco

Eu fico perplexo com o tempo.
Nele um ano passa como num mês, e coisas que aconteceram a dois meses soam de como há um ano atrás.
Isso ficou claro para mim quando calcei meus All Star branco (meio encardido e descolado dos lados) que usava nos meus 14, 15 anos.
Eu tenho 18.
Não sou "veeeeeelho", mas enquanto andava e cuidava onde ia pisar me vinham flashes à memória. Ria só.
Minha companheira me olhava com uma expressão de "o quê que foi?", respondia-lhe "nada.". Estávamos na rua.
Não dava para parar e começar a contar a história de quando meu amigo voltou correndo para sua casa, depois de passar da esquina, pois havia esquecido de vestir a cueca. Se eu contasse essa, teria que contar também do banho que o ônibus me deu enquanto brincava de luta na rua com os guris, do cinema toda a quarta-feira (R$5,00 na época), e da nossa amiga que ficou trancada no banheiro em 01/01 (um pouco antes teria perdido a virada do ano).
Essas memórias as vezes se tornam mais recentes do que as memórias de dois meses atrás.
Eu fico perplexo com o tempo, porque só depois de ele passar que notamos o quão significava as coisas banais.

Autor: Mauricio Silveira



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